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Segurem o Gato Preto

No dia 31 de maio de 2011, aconteceu na reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS) uma “reunião” entre o Reitor, Josué Modesto dos Passos Subrinho, e estudantes do Curso de Comunicação Social, com participação de outros cursos e alunos secundaristas. Um dos assuntos tratados foi a precariedade do ensino e a estrutura da instituição. O debate ocorreu de forma pacifica, procurando encontrar soluções para os problemas, que em alguns casos o gerente da universidade, informou desconhecer, como falta de banheiro no Departamento de Comunicação Social, e bebedouro. Foi também uma ótima oportunidade para os vestibulandos que visitaram a Universidade, para que pudessem conhecer a realidade do local onde irão estudar. Alguns até interagiram com voz ativa à respeito de algumas mudanças, por ser uma opção de curso no vestibular. Entre estes, o estudante do Colégio Estadual Atheneu Sergipense, Giovane Mangueira que cursa o 1 ano do ensino médio.“Eu estou ciente das condições do curso e concordo com a reivindicação, pois as condições do departamento de Comunicação são péssimas e também de outros. Vim aqui para saber um pouco mais sobre a qualidade de ensino oferecida. Estou triste apesar de querer fazer esta Habilitação , aqui porém agora estou pensando em sinceramente ir para a Universidade Tiradentes (UNIT), sei que lá será caro mais terei um ensino de qualidade.  Não tinha noção de como a situação está grave.”
Até para os futuros universitários é incompreensível uma habilitação em Jornalismo pertencente ao curso de Comunicação não ter os equipamentos suficientes para a prática, faltar de 12 disciplinas no período letivo.
Foi se perguntado o motivo do Curso ter 18 anos de existência, as melhoras terem sido quase inexistentes, e que ainda o departamento teve alguns azares, conforme explicado pelo Reitor da UFS, Josué.
Quem sabe uma oração contraria um espelho quebrado, ou um gato preto? É Dizem que quando se quebra um espelho tem-se 7 anos de azar e outros 11 anos vai ver a culpa foi do gato, segurem esse gato. 
Foi, portanto, cansados de ouvir desculpas, que os estudantes idealizaram a campanha ‘Chega de Migalhas’, para afirmar que pequenas melhorias não adiantam. Ainda desculpas descabidas só fazem com que haja desilusão de um desenvolvimento concreto na instituição. “Chega de tantas desculpas, estudantes não agüentam mais”, esse é um trecho do apelo dos estudantes.
Raine Souza, estudante do 3º período de Audiovisual, também desabafa sobre os problemas que vêem acontecendo, “O curso está em péssimas condições, só tem cinco câmeras no departamento, já aconteceu de minha turma ter que dividir o uso das câmeras com outras, inclusive passamos um mês e uma semana com dez maquinas fotográficas por pessoa e estou completamente frustrada em relação ao curso, a justificativa dada pelo Reitor quando questionados sobre outros cursos e porque alguns apesar de não terem muito tempo em relação ao nosso estão em melhores condições a resposta dada foi que nós tivemos alguns azares. Esperava mais da Universidade.”
A campanha teve a frente a coordenação nacional da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (ENECOS), a qual sempre pauta a qualidade da formação do comunicador, Agatha Cristie, estudante de jornalismo” já esperávamos esta resposta, o reitor precisa tomar uma posição, é lamentável termos que ouvir piadas em relação ao debate”. 
Educação de qualidade é intrínseco para a formação do profissional. Como se pode cobrar qualidade quando não se tem? Com isso há uma geração de mão de obra desqualificada, implicando na qualidade da informação passada através dos meios midiáticos.

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Realidade de quem necessita do Resun


Entrada principal do Resun na UFS




Construído em 1980, pelo Ministério da Educação e Cultura, sendo um projeto do governo Federal de que visava ajudar os estudantes que possuíam baixa renda, oferecendo dessa forma refeição a um baixo custo, o Restaurante Universitário (RESUN) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) resiste ao tempo, mesmo diante de um cenário de total abandono e descrédito sobre sua real função e necessidade.

Deposito da cozinha no Resun
Uma das filas que  existem no refeitório

Com uma média diária de 778 almoços em 2008 somado ao seu custo de apenas 1 real por refeição para estudantes e 2 reais para os demais, o restaurante é ponto de parada para grande parte da comunidade acadêmica. A despeito dos comentários sobre a comida, taxada como “ruim”, são muitas as pessoas que precisam daquela alimentação para encarar suas jornadas dentro e fora da universidade.
Satisfação dos que  comem no refeitório da UFS

Desperdícios achados na lateral do Resun

Guarda-volume improvisado pelos alunos
  
A realidade, entretanto, é bem mais complexa do que as analises e reportagens podem apontar. As filas são extensas e o aperto é grande, mesmo com a duplicação dos acessos e do ponto de compra. Há certos horários e dias em que as filas se confundem e fica difícil saber para onde se está indo. Alguns deixam seus pertences escorados nas paredes e espaços próximos a entrada do refeitório para não enfrentar mais uma fila e diminuir o tempo.


Guarda-volume tradicional do Resun
 Para se entrar no Resun é necessário passar por uma catraca, que apesar de não funcionar a um bom tempo, dita a ordem das filas. Ao final desse processo é necessário escolher entre as bandejas metálicas empilhadas que são usadas pelos usuários do restaurante, a que menos está em estado degradante, por serem confeccionadas em material não apropriado para receber o alimento, posto que, é de difícil higienização e por isso causa oxidação da bandeja, trazendo riscos para a saúde de quem as usa. 
A delicadeza de servir
Equipamentos sucatedos, deixados em área externa

O processo de colocação dos alimentos na bandeja já não é mais controlado pela própria pessoa, mas pelos funcionários e sua boa vontade em meio à racionalização da comida. Ao troco de alguns sorrisos e um pouco de conversa, consegue-se mais um pedaço ou dois de carne. Nas mesas, o barulho ensurdecedor de várias conversas simultâneas, o calor insuportável dos ventiladores que mal funcionam, e a solidão de muitos que comem apressados, pois já estão atrasados para seus trabalhos, estágios e aulas.
A solidão é em algumas vezes companheira no almoço
Parte interna do Resun
Refeição partilhada com os animais que habitam o Campus

  
Enquanto alguns fazem ‘cara de nojo’ e rejeitam parte da comida, os olhos atentos e ávidos de alguns visitantes de fora desejam cada pedaço, cada grão, para bicar e mordiscar do lado de fora. Os cães e pássaros ficam atentos para as bandejas e para os alimentos despejados pelas janelas e a devoram com rapidez. Para eles, o pouco, o “ruim”, é muito. Para eles, aliás como para muitos que realmente precisam do Resun, aquele alimento é tudo.
Divisão  dos restos alimenticios com os pássaros
Clique aqui para também assitir a videoreportagem feita sobre o Resun
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Ensaios críticos: A televisão no Brasil.

A linguagem audiovisual, sobretudo na televisão, apropriou-se muito rapidamente da publicidade e propaganda, bem como da ideia behaivoriana de estímulo-resposta. É muito fácil vislumbrar no Brasil esse fenômeno que também se associa muito ao sistema neoliberal implantado, sobretudo, pós-89 com o governo Collor e, posteriormente, com o Governo de ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Claro, é importante deixar claro que as mudanças ou as concepções do modelo de comunicação refletem diretamente o sistema e o modelo de sociedade. Sendo assim, é essencial pontuar que a televisão no País nasce, na década de 60, como um negócio. A empresa privada de televisão, a TV TUPI de Assis Chateaubriand é um marco, pois coloca a própria comunicação como um bem de interesse público e não como um serviço público.

Desse modo, o nascedouro da TV no Brasil é apenas a ponta do iceberg de problemas que se desenvolve desde então. O autor Luciano Correia é muito feliz em colocar a barbárie (ou “caos”) já citado anteriormente por César Bolaño onde a informação passa a ser encarada como uma mercadoria, um bem de consumo. A mercantilização da informação é um passo crucial para a sustentação do modelo vigente de televisão que temos.

A não reflexão do que é transmitido, coloca boa parte (lê-se a esmagadora maioria) dos expectadores sob o julgo do que é veiculado pelas emissoras principais da televisão aberta, reféns de um triste ciclo de “mais do mesmo”. E isso acaba tocando numa questão muito interessante, principalmente quando falamos de jornalismo.

O jornalismo diante do conceito de interesse público busca mostrar o que a empresa privada de comunicação entende que o seu público deseja ver. É a máxima do “expectador padrão” ou o “Homer Simpson” tão celebremente citado na colocação de Willian Bonner, âncora da TV Globo. Mas é preciso entender o problema para além dessa questão pontual. E isso perpassa por caminhos muitas vezes ignorados por boa parte dos autores. A própria concepção e as teorias que norteiam o jornalismo fazem com que ele caia nesse ciclo vicioso. Pois, há uma teoria que se fundamenta em pautar aquilo que obedece a ordem da organização, da logística da empresa jornalística (fluxo de equipamento, pessoas e transporte num menos espaço, tempo e custo), assim como há outra teoria que coloca que o agendamento das questões deve se pautar não mais no furo, mas sim em dar aquilo que é esperado. O que é esperado hoje, no Brasil, em termos de notícia?

A resposta, aparentemente complexa, é simples! É uma abordagem factual, muitas vezes tendenciosa e pouco respeitosa com os próprios princípios do jornalismo que dissimula sob as falácias da imparcialidade, objetividade e factualidade. Por que uma falácia?

Porque aceitando o jornalismo como algo feito por seres humanos, entendemos que há subjetividade e, aceitando a subjetividade, estamos aceitando também o fato de que há posição. Ser parcial significa tomar parte, escolher um lado. Não significa, entretanto, que apenas aquele lado deverá ser mostrado. Muito pelo contrário, admitir a parcialidade é o primeiro passo, na minha visão, para de construir algo realmente credível, pois é como admitir que possam haver falhas, mas que há um compromisso, desde àquela admissão de se buscar uma transparência com o interlocutor. Da mesma forma que a objetividade cai por terra quase que pelos mesmos motivos e pela mesma linha de raciocínio anterior. E, por fim, vemos que a factualidade é algo que nem sempre se pauta sobre aquilo que o público realmente deseja assistir e sim por aquilo que outras pressões – diversas, mas principalmente de cunho capital. – colocam na agenda setting da população.

Em questões práticas, o que Luciano Correia tenta mostrar é que vivemos num ambiente midiático pautado por um mesmo formato, o formato capitalista. Como diria o diretor de Marketing da TV Aperipê a TV comercial disputa os olhos dos consumidores em frente aos aparelhos de televisão. Consumidores. É importante frisar essa palavra, pois ela resgata o nascedouro da TV no Brasil. Assim, percebemos como a produção televisiva é construída de modo a vender da melhor forma possível seu produto: a informação e o entretenimento. Perpassamos sobre a questão estética e o apelo à imagem (ou a qualidade dela), bem como a padrões, formatos, que são exaustivamente seguidos e repetidos massificando, sim, um modo de fazer televisão.

E fica extremamente complicado subverter esse panorama, ainda mais se considerarmos os ataques diretos que a hegemonia privada de telecomunicações fazem contra os minoritários esforços das TV públicas e comunitárias. É um ataque ferrenho que se baseia também numa outra falácia: a da qualidade e a audiência. Qualidade é algo questionado, logo de cara, por contar uma subjetividade impressionante. Mas, segundo o próprio discurso da hegemonia percebemos que é a qualidade de imagem e essa realmente será difícil de burlar ou alcançar. O que não pode ser sacrificado, e essa é uma linha ascendente, é que a qualidade de conteúdo. Esta sim deve ser preservada, defendida e mantida. Fica evidente, entretanto, que dia após dia o conteúdo passa a ser sacrificado pela forma numa sátira do pós-modernismo onde a forma e a aparência superam a essência. E a audiência, ou melhor, a sua falácia entra justamente porque é muito difícil fazer frente ao discurso hegemônico já tão enraizado na sociedade brasileira. É um trabalho exaustivo, minucioso e que exige paciência. Como você pode atestar que a população gosta e assiste determinada programação se em todos os canais disponíveis ela encontra exatamente o mesmo lixo, digo, tipo de programas dos demais?

Entendendo esses pontos, fica fácil compreender o modo como a TV digital está sendo processada aqui no País. Um meio que poderia ser um divisor de águas para a comunicação do Brasil, devido às possibilidades de interatividade, multimidialidade e pluralidade já está sendo brutalmente atacado pela insistência e força de algumas empresas de telecomunicações – e porque não dar nome aos bois? –, principalmente a TV Globo, que munida de suas falácias coloca novamente o padrão estético (a qualidade da imagem) acima de uma qualidade de conteúdo.

Pois, onde uma banda poderia abrigar quatro canais diferenciados, com programação também diversa, eles desejam fundir numa programação só para ter uma definição mais alta. O que há por trás disso, porém, é aquele mesmo pensamento elitista e preguiçoso da mídia que se pauta pela organização capitalista. Para quê mais canais, para forçar ela a produzir mais conteúdo, contratar mais gente? Ou pior, ceder um espaço que é “seu” – não por direito, pois as outorgas são nossas, da sociedade brasileira. Públicas! – a outras emissoras? A que custo? Certamente, essa visão de migração digital passa bem longe das mentes – e dos bolsos. – dos donos da mídia. A questão é: Como nós, comunicadores sociais, vamos nos portar diante dessa polarização? E elenco como condição inicial para essa posição – olha a parcialidade! – a crítica, pois sem ela não há como fugir da alienação e ideias falidas que ainda insistem em comparar a comunicação com um fenômeno de agulhas ou balas fictícias.

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Sociedade Máquina

Se você acha que pensa
Mas você não pensa não
A cultura de massa é alienação
Então Adorna, Adorna o Horkheimer
Benjamin beija meu Habermans...
Use, abuse, não recuse meu Marcuse
Ai meu paradigma, ai ai ai meu paradigma.

       Como já dizia Adorno, a cultura de massa não é tão de massa assim, pois a Indústria Cultural transformou-a em mera mercadoria, que tem por único objetivo a venda. Em conseqüência, houve uma transformação de uma simples sociedade para uma de consumo, a qual usa cheques, cartões de crédito e empréstimos para saciar seus “desejos”.
       A escola de Frankfurt foi criada na década de 30 para analisar criticamente a postura da sociedade, na qual desenvolveu um estudo sobre o que seria “indústria cultural”. Esse termo foi criado pelos teóricos Adorno e Horkheimer para um mercado de massas que é imposto ao mesmo esquema das organizações e planejamento administrativo das fabricações em serie dos produtos simbólicos, ou seja, a cultura sendo tratada por essa industria da mesma forma que a fabricação de um automóvel. Era a mecanização da cultura propriamente dita. Entretanto essa teoria está mais viva que nunca, pois é só ir aos shoppings que você se depara com uma multidão esmagadora de compradores assíduos. Tais consumidores receberam antes uma mensagem que fez essa lavagem cerebral, igual aquela de quando eu era criança: “compre batom!”. Portanto, cada vez mais indivíduos sendo robotizados a seguir a única regra que é de comprar, consumir, mesmo sem ter muita utilidade específica da bugiganga adquirida.
      A televisão, em especial a rede globo, manipula de tal maneira que em determinados horários, parece existir um relógio em nossas cabeças, tendo como referencia as novelas, programas exibidos, os quais lembraram logo “a novela de fulano de tal”. Será que recebemos um chip, ao nascer, que nos coordena a consumir tudo o que foi estabelecido pela mídia? Consoante Willian Boner, somos como os Simpsons (seriado animado que é exibido na emissora que o mesmo trabalha), ou seja, acéfalos manipulados facilmente. Bom, se até uma referencia em jornalismo diz isso, é porque devemos ser, ou não; porém nem diploma em jornalismo ele tem. Mas já havia me esquecido, o diploma nem é exigido mais para exercer a função correspondente. Entretanto, deixemos essas questões burocráticas para outra oportunidade.
     Há alguns dias lembrei-me do filme “Ensaio sobre a cegueira” de Fernando Meirelles, fugindo um pouco do tema do filme, até que cairia bem se ao invés de sociedade fossemos chamados de os “cegos, surdos, mudos”, porque tapamos nossos olhos, ouvidos e boca para o senso crítico deixando tudo a nossa volta ser imposto pela Indústria Cultural, a qual não age sozinha nessa gang de alienadores. A explicação esta no fato de ocorrer um ciclo, na qual a população patrocina a indústria comum ao comprar seus produtos que por sua vez patrocina a cultural que cria o discurso U.S. consumption (consumo americano), fazendo o ciclo recomeçar, deixando explícito que um não sobrevive sem o outro. Adorno e Horkheimer (criadores do termo indústria cultural) afirmavam que esse fenômeno de manipulação, acontece de forma mais efetiva naqueles que não pertencessem à elite cultural e financeira, mas esse posicionamento é correto? Posto que, quando se tem shows de funk aqui no estado, por exemplo, o publico que freqüenta é da alta classe média que dança ao som de “sou cachorra, sou gatinha”, não desfazendo do estilo musical, mas por ser um estilo discriminado pelos cânones.
     Entrementes, antes nas décadas de 50, 60, 70, 80, as musicas continham letras com teor de revolta, de manifestação da crítica ao governo vigente, deixando claro que o monstro, o qual na atualidade nos remete a simples acríticos, tinha pouco poder, talvez por estar no inicio da sua formação. Hoje a musica de Chico Buarque cairia muito bem como a letra de “Cálice” (no sentido de taça de vidro ou do verbo flexionado com a partícula ‘se’).
    Consoante Gilberto Dimenstein em “cidadão de papel” as pessoas somente existem por causa da carteira de identidade, pois elas inexistem pela posição crítica de algo, as quais não produzem conhecimento e sim reproduzem. Então fica fácil para sermos “usados” pela indústria cultural. Outro aspecto dessa não identidade é a perda da singularidade que cada um possui ao tentarmos ter aquele ou esse acessório, pela simples explicação de que todo mundo tem. Sem esquecer ainda dos partidos políticos, que abusam dessa não identidade crítica ao usar a política de pão e circo com discursos calorosos incitando a população. As campanhas partidárias passam em média cinco vezes por intervalo comercial, ou seja, é a típica e descarada lavagem cerebral, que piora no período de eleições. Os carros de propaganda desfilam pela cidade tocando as musiquetas infernais para ter certeza de que o eleitor não esquecerá o candidato. E ainda as propostas usando do poder persuasivo, atraem eleitores com a promessa de que tudo vai melhorar.
    A Indústria Cultural está inserida por completa em todos os aspectos em nossa sociedade, seja na área política, econômica, cultural, não tem a porta de saída em caso de emergência como nos cinemas. Estamos presos sem a chave da saída. Portanto, será que nossa sociedade de mercadoria ou sociedade máquina terá salvação? Pode ser que sim, entretanto, terá de surgir um super herói para nos tirar desse filme que contem cenas de terror a comédia que protagonizamos no cotidiano.
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Essência X Aparência




A essência é parte do caráter, da personalidade do ser humano, mas na maioria das vezes está sendo perdida. Entretanto a aparência tem significado único, o corpo em si. No contexto atual, será que o aparentar tem mais valia que o ser?
A sociedade atual não é muito diferente das passadas, em relação à beleza, só que essa possui casos alarmantes em que ocorre até morte. A busca exagerada pela perfeição, pelos padrões impostos, está destruindo o que a humanidade possui de maior valor: A PERSONALIDADE. Um exemplo é o da modelo Ana Carolina de 23 anos, que veio a falecer por causa da anorexia e bulimia, em 2007, doenças desenvolvidas por rejeição alimentar. A própria modelo era submetida a regras inalcançáveis de medidas para ser aceita no mundo da moda. 
Esses padrões desumanos dessa dita "sociedade" destroem as pessoas aos poucos. Pois os indivíduos tem a necessidade de estar em algum grupo e assim ganhar identidade social que de forma pomposa é mostrada pela Indústria Cultural. É essa "droga", droga no sentido de alucinógeno mesmo, enfeitiça e atrai cada vez mais adeptos para manter o sistema sempre ativo, por que é um ciclo que envolve a indústria, de produtos e equipamentos, as pessoas, a ideologia cultural( I.C) e o capital.
 Para atestarmos que essa rotulação já existe há tempos lembremos da framosa frase do poeta Vinícius de Morais, "as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental". Em relação ao mencionado por ele,  existiu e existe uma idéia complexa de que a beleza tem mais importância que o próprio ser. Denegri-se, assim a essência do indivíduo que faz cirurgias estéticas para se enquadrar nos padrões da sociedade que rotula como se fosse produtos à venda. Entretanto, a cantora e compositora Pitty  menciona "seja você mesmo que seja estranho, seja você mesmo que seja bizarro", a letra afirma que o medo e a insegurança fazem as pessoas desistirem de se mostrar como realmente são.
 Portanto, seja igual, imagreça para aparentar uma modelete, compre ao extremo, simplesmente não raciocine, ou seja contraditório avaliando a perda de valores estimulando uma auto valorização, pois só respeitando  a singularidade de cada um haverá uma compreensão do ser.

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A "massa" feliz (ou a crônica da hipocrisia)


Peguei aquele ônibus das dez. Vazio. Tanto que deu para me sentar e vir refletindo sobre bobagens que não cabem aqui. Seguia o caminho da minha utópica Universidade que cresce enraivecida sobre planos, projetos, ganância e dinheiro. Dinheiro? Só para as obras que eles ousam edificar seus suntuosos prédios sobre pilares da degradação e do sucateamento. Onde sobram concreto, vergalhões e telhas, faltam corações, sangue e idéias.


Desço do ônibus, seguindo pela catraca do terminal, quando quase que tomo um soco no meio da cara. Um alerta daqueles que, mesmo condicionados a olhar para imenso outdoor que exalta a “Expansão Divina” criam um humilde e, porque não dizer, malfeito cartaz a lápis de cera e hidrocor com os seguintes dizeres: “Ocupe a Reitoria que há dentro de você!”. Ainda em nocaute, fico ali, parado, enquanto outros apressados com suas vidas estudantis sequer notam para o pobre cartaz. Oras, quem ligaria para ele, ou para aquela frase escrita por um bando de baderneiros quaisquer que ocuparam meia dúzia de salas na Reitoria.


O que é que isso tem a ver com a vida de todos aqueles engomadinhos que só querem tomar um suquinho de mangaba num trailer qualquer, assistir suas aulas, rezando para que chegue uma hora e ele possa voltar para casa e comer a comidinha da mamãe assistindo uma reportagem sobre a reprodução dos ursos pandas na China em pleno Jornal Hoje. Como um rebanho de desavisados eles entram e saem da universidade sem se dar conta das mudanças, sutis, porém constantes que ela passa. E não, não me refiro as obras ou qualquer expansãozinha qualquer. Refiro-me a luta daqueles que vão de contra a maré. Que dão a sua cara a tapa e se esforçam para estar ali, lutando, por algo que sequer é para eles, mas que é para o bem do próximo. De pessoas como eu, você, ou aqueles mesmos engomadinhos já supracitados, exceto pela verdadeira palhaçada que a Universidade faz com eles.


Imagine só, você sai de sua casa, no interior ou em outro estado e se presta a um teste que avalia a sua renda familiar para receber um verdadeiro “atestado de miserabilidade” para então poder estudar com a promessa de que a universidade lhe dará um suporte mínimo para que você consiga se instalar e manter seus estudos. Pois é, essa é a vida dos residentes. Ela seria tão boa quanto a minha e sua, se esse “suporte mínimo” não beirasse o ridículo. Com uma renda inferior a 500 reais cerca de nove pessoas são obrigadas a se virar e sobreviver numa mesma casa (que nem vou comentar o estado.) e pagar aluguel, água, luz e material de limpeza. Acha que consegue? Nem eles. O fato é que a essa situação caótica chegou a um ponto que eles não puderam mais agüentar. Arrebentou-se a corda da hipocrisia e os estudantes resolveram protestar.


Você deve estar pensando: “Mas que alunos malcriados, só sabem ocupar, ocupar, ocupar, porque não tentaram conversar antes?” — Ok, vamos lá... Quem em sã consciência chegaria ao extremo de ocupar algum lugar, de dormir em péssimas condições para protestar por algo se os demais meios não fossem tentados e a própria necessidade não fosse extrema?


Particularmente não sei o que é pior, se é toda essa utopia que a universidade vivencia a necessidade que os meus companheiros residentes passam ou se é o descaso daqueles que chegam até nós para abrir a boca e dizer que “a massa está feliz”... Felizes estão os hipócritas, que vivem suas vidinhas enquanto os demais sofrem. Felizes estão aqueles que são incapazes de enxergar a realidade diante de seus olhos e felizes somos nós que mesmo com tudo e todos contra resistimos juntos por acreditarmos que poderemos mudar, um dia, a hipocrisia.
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